A locomotiva 2551 foi a primeira locomotiva elétrica de fabricação 100% nacional e a primeira a nível mundial com caixa em aço inox canelado. Cessou a sua carreira no ano de 2009 e em 2012 foi afeta ao Museu Nacional Ferroviário, que conserva assim o único exemplar da série de locomotivas mais original que foi fabricada no nosso país.
Como grupo voluntário dedicado às causas da preservação, manifestámos a nossa intenção junto do Museu Nacional Ferroviário para colaborar voluntariamente no seu restauro e recolocação em estado de marcha.
Contexto Histórico
A série 2550 foi colocada em serviço entre 1963 e 1964 e os 20 exemplares foram construídos na fábrica da Amadora da Sorefame. Sucederam às locomotivas 2500, pioneiras da tração elétrica monofásica em Portugal, colocadas em serviço ainda na década de 1950, com a qual partilham boa parte dos equipamentos mecânicos e elétricos.
As locomotivas 2550 distinguiram-se por terem sido as primeiras locomotivas a nível mundial com uma caixa fabricada em aço inox canelado, sob patente da Budd. O objetivo era o de poupar peso na caixa da locomotiva, de modo a conseguir uma locomotiva mais leve no geral e por isso menos agressiva para a via – de notar que durante a vida da ponte Maria Pia, no Rio Douro, as restrições de peso eram muito severas.
Apesar de tecnicamente não terem representado nenhuma evolução sensível face às locomotivas 2500 que as precederam, as 2550 notabilizaram-se pela sua estética que permitiu à CP algumas das composições mais homogéneas dos nossos caminhos de ferro, compostas por estas locomotivas de aço inox e carruagens também de aço inox e também de fabrico Sorefame. Até à chegada das locomotivas 2600, em 1974, foram as pontas de lança da empresa, empregues nos comboios mais prestigiosos entre Lisboa e Porto, itinerário cuja eletrificação completa inauguraram.
De seguida, apresentamos alguns dos mais importantes dados técnicos desta série:
Partes Mecânicas | Henschel e Sorefame |
Partes Elétricas | Siemens e Alsthom |
Bitola (mm) | 1668 |
Tensão de Alimentação | 25.000 V @ 50 Hz |
Tensão de Tracção | 1.500 V |
Nº de Rodados Motores | 4 |
Potência nas rodas (cv) | 2.790 |
Velocidade Máxima (km/h) | 120 |
Peso em Ordem de Marcha (t) | 70,5 |
Esforço de Tração no Arranque (kN) | 185 |
A série permitiu à CP reforçar o seu parque elétrico numa altura em que se completava a eletrificação da linha do Norte. Estas locomotivas prestaram todo o tipo de serviços até 1999, quando foram dedicadas a tráfegos de mercadorias, onde haveriam de terminar a sua carreira dez anos mais tarde, em 2009.
A maior alteração de que a série foi alvo deu-se na segunda metade dos anos 1990, quando todas as locomotivas foram adaptadas para circulação em unidade múltipla (comando de uma segunda unidade a partir da primeira), beneficiando assim a sua utilização em comboios mais pesados, nos tráfegos de mercadorias.
Nas últimas duas décadas de serviço foram reputadas como muito temperamentais fruto de uma obsolescência crescente que não foi evitada pelas intervenções ao longo da sua vida. Ainda assim, o seu papel inovador nunca será apagado da história ferroviária portuguesa. Além das prestações encabeçando milhões de circulações ao longo dos 46 anos de carreira, a série ficará também na memória por ter sido a que mais corporizou a personalidade própria dos comboios portugueses na segunda metade do século XX.
Factos e Números
Ano de Entrada ao Serviço | 1963 |
Retirada de Serviço Comercial | 12-04-2009 |
Quilometragem Total Acumulada | 5.280.140 |
Última Revisão Geral (tipo R3 ou superior) | 26-09-2003 |
Última Revisão Intermédia (tipo V1) | 30-04-2007 |
A 2551 foi a recordista da série no total de quilómetros percorridos, sendo ultrapassada na frota da CP apenas pelas doze locomotivas da primeira série 2600 (2601 a 2612) e a breve prazo sem dúvida pelas locomotivas 5600 e comboios Pendulares da série 4000.