Ao longo da sua existência, a APAC tem vindo a apresentar propostas e dar o seu apoio e contributos às entidades competentes, tendo em vista assegurar a preservação e promoção do património ferroviário e o desenvolvimento de um projeto museológico abrangente e protector dos maiores ativos históricos da operação ferroviária portuguesa.
No âmbito dessa salvaguarda museológica deveria ter sido assegurada a preservação da UTE 2001 (primeiro veículo da primeira série de automotoras monofásicas construídas pela Sorefame), dado o seu excecional e incontornável interesse histórico e tecnológico.
Apesar de, sob o ponto de vista museológico e patrimonial, a UTE 2001 ser a mais relevante peça de entre todas as UTE 2000/2050/2080, o erro da sua não preservação e incorporação efetivas e imediatas no acervo do MNF, permitiu a sua total degradação ao longo de mais de uma década, vindo a tornar a sua recuperação inviável e a ditar o seu lamentável e infeliz destino final.
A APAC entende que esse erro deve merecer, da parte de todas as entidades envolvidas, uma permanente e continuada reflexão, prevenindo-se a repetição de casos semelhantes no futuro – a preservação e incorporação no MNF de todo o material que assuma relevância histórica (circulante ou outro) deverá ser assegurado no mais curto espaço de tempo após a sua desafetação à exploração.
O degradado estado de conservação em que se encontrava a UTE 2001 contrasta com o estado de diversas outras UTE ainda existentes e que, em 2009 foram integralmente revistas nas oficinas da EMEF tendo em vista uma possível exportação para a Argentina.
Perante o estado da UTE 2001, foi entretanto definida a alocação ao Museu Nacional Ferroviário da UTE 2086. Esta unidade mantém interiores de origem e foi integralmente revista em 2009, tendo os seus motores de tração, inclusivamente, sido rebobinados.
Igual tratamento teve a UTE 2057, que se encontra parqueada em frente às Oficinas do Entroncamento, a qual se distingue por ter um reboque piloto da 1ª fase. Esta mistura de veículos de diversas fases foi recorrente na carreira daquelas automotoras elétricas, sendo ditada por incidências de exploração que assim o determinaram.
Por essa razão, a UTE 2057 é, por si, uma composição com inabalável consistência histórica, com a enorme mais-valia de incluir um veículo da 1ª fase.
Por essa razão, a APAC dirigiu à Fundação Museu Nacional Ferroviário e à CP uma proposta de substituir, para efeitos de preservação e incorporação no acervo no Museu Nacional Ferroviário, a UTE 2086 pela UTE 2057.
Essa substituição permitirá assegurar, mesmo que parcialmente, a presença no Museu Nacional Ferroviário do um legado da 1ª fase destas automotoras Sorefame, distintas no design e em algumas opções técnicas incorporadas e depois evoluídas nas 2ª (2050) e 3ª (2080) fases.
Verificada a integridade física das unidades restantes e da maior relevância patrimonial da UTE 2057, julgamos que a sua preservação é prioritária e permitirá dotar a coleção museológica do MNF de um veículo que testemunha o início da eletrificação monofásica em Portugal e que, em estado de marcha, poderá inclusivamente vir a ser aproveitada para circulações evocativas e/ou turísticas com custos de operação baixos.
Realçando a importância da salvaguarda da UTE 2057 pelas razões expostas, recomendámos igualmente o seu resguardo no mais curto período de tempo, de forma a assegurar o excelente estado de conservação exterior, interior e funcional herdados da revisão geral de 2009 e a sua proteção contra eventuais atos de vandalismo.