A nossa associação escreveu ao Ministro do Planeamento e Infraestruturas solicitando esclarecimentos sobre a actualidade ferroviária e as perspectivas da sua evolução, tendo em vista a grave situação de colapso operacional em que se encontra de modo muito particular a CP.
Na carta remetida ao Ministro a APAC censura fortemente o caos que se vive na rede ferroviária e, lembrando a herança de décadas de desinvestimento que manifestamente contribuem para o cenário atual, não deixa de fazer notar a aceleração da erosão do sistema ferroviário nos últimos anos, que atinge este ano níveis alarmantes. Foram resumidas as principais falhas existentes na actualidade, com um volume inédito de supressões de comboios por falta de material circulante, atingindo todos os segmentos de tráfego e de forma particularmente penalizadora as linhas do Oeste, Vouga, Alentejo e Algarve, pondo em causa a continuidade do transporte ferroviário e a acessibilidade a esses territórios.
A APAC pediu acesso ao processo de aquisição de material circulante, nomeadamente tipologias a adquirir e datas concretas para o seu lançamento, bem como inquiriu sobre planos de contingência como a reactivação de material circulante ou aluguer de mais unidades a Espanha.
Na vertente das infraestruturas manifestámos a preocupação pelo alarmante atraso na execução do plano Ferrovias 2020, pedindo também detalhes sobre os projectos para as linhas do Douro, Beira Alta, Algarve e Sines, onde importantes anúncios de investimentos têm sido feitos mas sem detalhar as intervenções a realizar nos respectivos traçados e de que forma a renovação contribuirá de facto para reposicionar competitivamente o modo ferroviário. De modo particular, pedimos também esclarecimentos sobre se o Governo planeia encerrar definitivamente o troço Oliveira de Azeméis – Sernada do Vouga, mantido limitado a 10 km/h e em serviço comercial e sem quaisquer soluções à vista.
No cumprimento do nosso papel como a maior associação de defesa e promoção do meio ferroviário a APAC continuará atenta à evolução do quadro institucional e de investimentos, reforçando que é fundamental que todos os actores políticos, no governo e fora dele, ajam em consonância com as prioridades que publicamente são atribuídas ao meio ferroviário, sob pena de Portugal mergulhar ainda mais na cauda da Europa neste âmbito, com todos os impactos sociais e económicos que daí advêm, ainda para mais numa localização periférica como é a nossa no seio da União Europeia.